Sábado de manhã em Villa de Leyva



Às sete da noite o quinto Festival Internacional de Jazz em Villa de Leyva. Confirma no jornal local, uma senhora de Bogotá a passar o fim-de-semana prolongado. Decorrerá na Praça Carmen, informa a funcionária da Matilde Blain, uma das lojas de comidas da Casa Quintero. Café expresso, uma fatia de torta de Santiago e um sumo de manga. Para sumercé o marido, que chega com as últimas compras, um chá de malte. 
A manhã avança. Na igreja da praça Central da Villa, o funeral da Doña Teresa Davilla.
Enquanto isso, o bulício no mercado de Sábado. Ananás doce oferecido a potenciais compradores. Frutas de tantas cores quantos sabores. Yuca, abacate, muitos tipos de batatas e muitos outros legumes frescos enchem os balcões. Sapatos e roupas para quem quer renovar o guarda-vestidos. Provam-se comidas. Toma-se o pequeno-almoço tardio à conversa sobre a derrota da Colômbia na noite anterior. 

Foi com a Argentina. A copa da América perdeu grande parte do interesse para os colombianos. Por quem torcer agora? Pela Argentina. Aquela com quem se jogou bem e se perdeu na desventura dos penáltis. 
É só um jogo de Futebol. Sem muita convicção, Luis. O filho emigrado em Londres da senhora Maria. A proprietária do albergue Rana. O nome a homenagear um dos jogos mais tradicionais da Colômbia. A par do Tejo. Em Villa de Leyva este não tem campos para os da Villa se entreterem. Outros campos há. De Basquetebol. De Futebol. Como é óbvio. 
Crianças imitam os craques colombianos. Quadrado, Falcão e o grande guarda-redes da selecção, Ospina. A figura do jogo da véspera, salvando a honra na derrota. Aguardente e muita cerveja àguila dissipavam a tristeza dos pesarosos espectadores de televisão. Nem por ser no Chile os corações quase se perdiam. Isso já lá vai. Hoje é outro dia.
A Villa de Leyva chegam a toda hora os colombianos das cidades mais ou menos próximas. Muitos de Bogotá para o fim-de-semana com ponte. A pequena cidade está em festa para celebrar o feriado dedicado a São Pedro. A chuva que vai caindo amiúde reforça o seu poder. 
Na missa fúnebre os sinos anunciam o último adeus à Doña Teresa, aos quais se juntam as lágrimas de despedida. A saudade do até nunca mais, ou quem sabe até um dia. Para aqueles que acreditam que depois da existência terrena se encontrarão com os que já partiram. É só deus que tem os que mais ama, cantava um Luís português. É semelhante em quase todos os lugares, essa necessidade de crer que depois haverá mais. Isso não significa que se deseje o fim. 
Pelo contrário. É fundamental desfrutar cada arepa, cada almohada com um tinto claro ou escuro ou mesmo com uma poker ou uma àguila. 
Na praça principal, as fotografias retornam. São muitas. De preferência em boa companhia e num sorriso de quem se sente relaxado. O emprego só daqui a alguns dias. Como tal há que saborear. O fim-de-semana avança em festa para quase todos. O sol regressa.   


27 de Junho, 2015

Villa de Leyva, Colômbia 

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