Edu y Maru




Quero ser milionário. Eu e a Maru. Estamos de passagem. Como um murro seco no estômago que interrompe o pensamento. Parámos por uns dias, umas semanas. Sem dúvida que voltaremos à estrada. Como não há solução, enfrentamos a realidade. Trabalhamos por uns dias.
Quero ser milionário. Vou aparecer na revista 'Volta ao Mundo'. Estamos a viajar há seis meses. De vez em quando a alma é engaiolada e damos o corpo ao manifesto. Eu estou a fazer trabalho de pintor e a Maru a ajudar na cozinha.
As bicicletas cor-de-rosa com cesta na frente do guiador estão à porta. Preferimos caminhar. Às vezes também voamos. Preferimos os corredores, os caminhos que nos conduzem a novos lugares, a novas pessoas.
Assustam-me os doentes dentro das suas doenças. Preferimos guitarras e o tango argentino. É essa a nossa origem. O princípio. No fim, não sabemos onde chegaremos. O que foi lá permanece. Para o que venha, enfrentamos a realidade. Eu limpo o jacuzzi. A Maru limpa as casas-de-banho. Aguentamos. Às vezes a guerra é isso mesmo. Preferimos assim.
Amo-te muitíssimo, cariño. Digo o que sinto a Maru. Coração, ajuda-me na cozinha, por favor - a Maru para o Edu. Dois jovens argentinos em Santa Marta, Colômbia. Hoje. Daqui a umas semanas no Panamá. Lá, impera o dólar. Melhor para o câmbio e para continuar a viver como se não houvesse amanhã. Esse tempo não existe. Só o agora.
Neste momento, as nossas almas, tocando-se como duas mãos apaixonadas, estão suspensas. É uma pausa. Um soco no estômago. Macio. Os cavalos estão encurralados. Apenas por milionésimos de segundo - no tempo cósmico.
O tempo é quente. A água fresca ajuda. Refresca. Tem de ser engarrafada. Em Santa Marta não é potável.
É o plano. O cheiro a Buenos Aires não se esquece. O da Europa é uma ilusão a tocar por memórias que preencherão o futuro incerto; seguramente possível. Numa tatuagem da Maru tudo é possível. Numa outra desfruta-se o presente.
As paredes caiadas recentemente por Edu, as refeições preparadas por Maru. O amor vive-se no lugar exacto em que se encontram. No hostel Villana, em Santa Marta. Só até amanhã. Depois... Logo se vê!


12 de Maio, 2015
Santa Marta, Colômbia  

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