À beira-rio





 
            Hoje seria o voo desde a Guatemala para a Colômbia, onde teria outro de regresso a Portugal. Estou longe do aeroporto da capital. Em Lanquin, no El retiro lodge. Um paraíso na terra. Numa hamaca. A menos de cinco metros, o rio. Uma corrente forte que convida a descer em tubos - câmaras cheias de ar de grandes dimensões. Algumas raparigas aventuraram-se. Uma delas acabou de apanhar um susto. A sua bóia não parou no suposto local de chegada. Foi rapidamente resgatada pelo guia atento. À saída da água um rosto ansioso. "Enfim salva. Será que poderia ter acontecido alguma coisa?" A especulação que disso não terá passado. O melhor é evitar os "se". Não conduzem a lado nenhum e geralmente são um desperdício de tempo; sobretudo de energia. É tempo de relaxar. Mais um mergulho na margem, com a devida proximidade.
            Outras pessoas jovens descem nas bóias gigantes. Para bailar la bamba. Vozes alegres e descontraídas. Descem desde Semuk Shampey. O meu destino seguinte depois de visitar as grutas de Lanquin. Aqui, mais um ou dois dias; contemplando as borboletas de todas as cores a esvoaçarem por entre as flores do jardim também multicolor. À beira-rio. Um rio muito verde, num verde seco, diferente de todos os rios em que já me banhei. Daqui a pouco vou experimentar a sua temperatura e sentir a água nas pernas muito brancas.
            Pela primeira vez o calor na Guatemala impele à frescura das águas que correm. Águas sempre diferentes num rio que se vai transformando a cada instante. Nunca as mesmas águas no seu leito. Assim eu. Em cada minuto atravessada por pulsões e pensamentos a esvoaçarem. A que sabe o vento?

16 de Julho, 2015
Lanquin, Guatemala

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