De que se fala quando se escuta a palavra escravatura? O turismo é a onda que move muitas pessoas em Cartagena. No Museu da Inquisição, a história documenta como a tortura era (?) uma forma de manter a ordem cristã europeia. Espanhóis, portugueses estão presentes nessa imposição sobre os indígenas, aborígenes, os nativos da agora denominada Colômbia - uma colónia.
Ouro e prata. Rotas de riqueza. A motivação velada na cristianização. Hoje, na Colômbia, como em grande parte dos países da América do Sul, as povoações são fervorosas crentes da religião católica. A imagem da nossa senhora de Fátima portuguesa é uma evidência em vários locais da costa do Caribe. Como em Rioacha e Cabo La Vella.
Angola e Guiné. Duas das proveniências dos negros convertidos em escravos em Cartagena. Chegados em contrabando, os números são falíveis. Não há como, nem tão-pouco interessa contabilizar a entrada dos escravos trazidos por portugueses e espanhóis.
No Museu da Tortura está registada parte da acção europeia em nome de deus. Em 1822 viviam 25 mil almas em Cartagena, nas quais não se incluem as almas africanas. Bruxas, hereges, não-humanos - esses não números nas estatísticas dos intelectuais da época. Talvez o capataz fizesse parte. Se era mulato ou não, isso pouco importa nos dias de hoje. Importará se for muito negro, sendo certo que terá mais dificuldade em entrar em determinados lugares da moda!
A mescla é imensa. De tal modo, que não é fácil para um 'forasteiro', turista ou viajante perceber quem é ou não de origem do Caribe.
Em Cartagena, o bairro Getsmani é uma das memórias realistas da colonização espanhola. As casas com balcão convidam com as múltiplas cores exuberantes e são um dos atractivos principais para os turistas.
Todos por um novo país. Relembrando a memória incómoda. Maio. O mês da afro-colombianeidade representa a vontade de apagar as diferenças e unir as almas qualquer que seja a cor de quem as encarna. Património imaterial. A pedra-angular da cultura do Caribe. A sua preservação registada e catalogada para a tornar em Património da humanidade. Viva a Colômbia e o multiculturalismo.
21 de Maio de 2015
Cartagena, Colômbia
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