Dança, dança, dança... Podia
ser o título de um livro. Podia e é! De Haruki Murakami. Não o meu preferido:
Sputnik, meu amor – o primeiro que li. Dizem que não há amor como o primeiro.
Deve ser essa a razão. Outros houve. A saga de 1Q84 também gostei muito. O
terceiro volume já o li em kindle – durante a viagem para Santiago do Chile!
Pois! Já fui... E sabes com quem estive? O Martin – ele mesmo!
Como é que foi isso? Adivinho
a tua pergunta. Oh... nem sabes o que aconteceu. Nada de especial. Estava farto
do Porto. Em Dezembro começou a chover e Janeiro não estava muito diferente.
Pelo que a minha namorada me disse por skype ontem, a previsão não é de
melhoria tão cedo. De maneira que aqui me prolongo. Até quando? Ainda não sei.
Por ora na capital. Antes disso... tens razão ainda não te disse.
De quando em vez faço
experiências pelo skyscanner. Andava nisso desde há uns tempos, confesso. Até
que um dia estava nesse devaneio – já te falei sobre essa teoria que está
amplamente descrita na literatura académica – e vai daí: um preço bestial: seiscentos
euros (só ida!). Comprei de imediato. Embarquei no dia 28 de Janeiro. Estava
mortinho por viajar. Nem te sei explicar este impulso que alguém chama de
viajante e outro alguém de fugitivo. Revejo-me nos dois.
A minha casa estava um pouco
fria. O Inverno... Não é a minha temperatura preferida. A minha namorada
Margarida não sorriu muito quando me deixou no aeroporto de Sá Carneiro às seis
da manhã. O seu rosto estava fechado e os olhos alagados. Mas não deixou cair
nem uma única lágrima. O que me surpreendeu. Volta e meia abre a torneira. A
tua namorada também, se és homem? Ou se és mulher, costumas lacrimejar sempre
que vais ao cinema? Bem... está visto que a minha namorada não é uma raridade.
De qualquer modo, conteve-se.
Abraçou-me. Ou melhor, fui eu que a prendi nos meus braços. Apertei-a tanto que
deve ter ficado com o seu peito esmagado – vou dizer assim, mesmo não sendo a
expressão que me apeteça empregar. Espero bem não ter estragado a sua fronte.
Afinal, é pouco provável que me fique aqui para sempre.
Abraços, beijos e até amanhã.
O modo como entrei na secção de controlo. Rapidamente passei esse trâmite de
segurança. É uma daquelas coisas que quase me exaspera quando viajo. Só quase:
basta que me reposicione e lembre da razão por que ali estou: viajar! Mas
também é por pouco tempo. Apenas quando estou a preparar a mochila de mão. O
menos possível para ninguém me aborrecer. Nem sempre é fácil passar sem
percalços.
Uma vez aconteceu-me estar em
escala em Frankfurt e saí da zona de embarque. Muitas horas entre os vôos...
Quando quis voltar pensei que perderia a minha ligação. A zona de controlo era
encerrada à minha frente por ameaça de bomba! Nem mais nem menos. De maneira
que hoje em dia, independentemente do número de horas em escala, prefiro não
arriscar. Não arrisco nesta matéria. Noutras há que me sinto muito afoito.
Diria mesmo que pouco consciente para o que esperam do meu comportamento,
teoricamente adulto. É só teoria... fica para depois – eventualmente.
Não é teoria, nem tão-pouco
devaneio o local em que me encontro: Santiago do Chile. Finamente! Nem sei há
quanto tempo sonho com isto. Ou talvez tenha uma ideia. Não é assim tão remoto
no tempo, esse meu desejo. Quando vim da Índia era para lá que queria seguir:
aterrava no Porto em Maio de 2012. Mas a Margarida... Ah... os afectos. Desde
então que esse país não mais abandonou as noites sonhadas. Devo-te uma
explicação leitor@. Só espero que a minha namorada não leia esta parte.
Na Índia conheci uma chilena.
Vivemos uma paixão daquelas que só imaginava nos filmes: e nem todos. Foi só
uma semana: o tempo não baliza a relevância de uma experiência. Muito menos
essa que vivi com Paz Parada. O seu nome é tudo menos ilustrativo. Partilho
contigo um raio do meu arrebatamento: a Paz é tântrica. Nem mais nem menos! E
nem mais te digo. Se fosse católico, estaria seguramente a fazer a promessa de
ir a Fátima a pé e dar vinte voltas de joelhos no santuário: para que a Margarida
não leia isto.
Nessa altura também...
estávamos afastados. Não conta! Querida, se me lês, hás-de lembrar-te que com
efeito nos aborrecêramos antes de eu embarcar para Mumbai. Além disso, quando
regressei contei-te... uma parte.
Não havia necessidade de entrar em pormenores.
Sabes que te amo sempre. Mas o meu coração é
muito vasto. Cabes tu e... não só.
Bom, tens razão leitor@, essa
conversa não é para ter em público. E talvez que a anterior também não. Estava
a contextualizar-te sobre a razão primeira de iniciar viagem pela América
Latina no Chile e não na Venezuela. Mas também não sei se esse seria o melhor
local para começar. Num país em que o Natal é quando o presidente quer, pode
acontecer tudo.
Estou então no Chile. Estive
com o Martin, e não com a Paz Parada. Quem sabe. Somos amigos, quer dizer, não
sei se ser amigo através do livro das faces é sinónimo de amizade. Não a
contactei: para resumir. Ainda a ponderar. Apesar de ter sido uma experiência
extraordinária. Lembro-me de na época ter compreendido a expressão: já posso morrer!
Não morri. Estou vivo. Muito vivo e em Santiago do Chile... há dez dias. Por
ora fico por aqui: vou jantar ao Restobar KY.
parabéns estás no bom caminho , continua a caminhar, nos por cá continuare-mos curiosos à espera de novidades, acerca dos locais por onde a tua imaginação te leva, boa viagem e que o caminho seja bom
ResponderEliminarobrigada Jorge :)
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