https://www.youtube.com/watch?v=01vXD623q2w&index=3&list=PLRH10Bl5Og1ikB5c3L9F0euFZuB9dIxRP |
“Tu
choras sempre: ou porque choras, ou porque te ris” - um amigo com quem fui
ontem cinema. Há umas semanas fomos ver
‘Lion – um Jornada para casa’. A história verídica de um jovem indiano
adoptado por uma família da Austrália, onde vivia com os seus pais. A sua busca, pela mãe na Índia, fez-me chorar baba e ranho. Ontem, as lágrimas resultaram das muitas gargalhadas motivadas
pelas diversas situações hilariantes da comédia negra ‘T2 Trainsppoting’.
Quem me
conhece sabe que sou de lágrima fácil e sabe, igualmente, que, com frequência,
as risadas são longas. Em particular se forem provocadas por um bom estímulo,
como aliás era, sem dúvida, o caso. Foi de forma consciente que me contive.
Estava numa sala cheia de gente que, como eu, estaria curiosa acerca do modo como
Danny Boyle daria continuidade à história de um assalto, ocorrido duas décadas
antes. O termo de comparação era elevado para aqueles que, como eu, viram o
primeiro filme. Era, pois, necessário ter em atenção que as outras pessoas não
tinham de levar com o meu riso, o qual, confesso, não me importaria de
continuar – afinal, rir é tão bom quanto dançar e cantar.
O que me transporta para outro
filme, a que assisti no final do ano passado com o amor da minha vida: “Trolls”.
Um filme animado com personagens tão
coloridas como divertidas, cujas cenas alegremente deliciosas também me fizeram
rir e rir. Os Trolls tinham como actividades de vida diária cantar, dançar e
abraçar... Tão bom! Como não gostar? Como não gostar com um sentimento que não
se pode conter, ou parar, como canta Justin Timberlake (os gostos não se
discutem...). Os cabelos azuis, cor-de-rosa, lilases, prateados dos bonecos
animados reanimaram a criança que eu quero (continuar, sempre) alimentar. O G
olhava para mim admirado, para não dizer perplexo. Senti que também ele
apreciou. Não obstante, não sei se terei sido eu a ser levada ao cinema. Ah, ah.
Apesar dos seus oito aninhos, o G já viu tantos filmes que o seu sentido
crítico deve ser tomado em consideração, até pelas questões que me coloca
sempre no final: “O que é que gostaste mais e porquê? O que é que não gostaste
e porquê?” – Se lhe respondo que não terá havido nada que me tivesse
desagradado, insiste: “Então, o que é que gostaste menos...”
É com os auriculares, ligada no YouTube, que escrevo enquanto escuto a
banda sonora do ‘T2 Trainsppoting’ – uma das dimensões que, no filme de há
vinte anos, me agradou sobremaneira. O efeito foi semelhante em mim e, presumo,
em todos aqueles que tiveram oportunidade de o ver e depois dançar com a
respectiva banda sonora. Se, na época, a sua originalidade impressionou, vinte
anos depois a música é igualmente estimulante.
É-me impossível ficar indiferente ao ritmo de Fujiya & Miyagy. Do
mesmo jeito que as bandas The Prodigy e Underworld me fazem oscilar a cabeça e
pescoço, as pernas... Estou sentada na biblioteca. Aposto que se estivesse em
casa teria feito uma pausa para dançar... A música tem este dom. Razão pela
qual admiro e respeito profundamente os artistas que me tocam desta maneira
através da vibração e mesmo arrepios na pele. Iggy Pop, Frankie goes to
Hollywood são mais dois exemplos da banda sonora deste segundo episódio.
Houve várias cenas que me fizeram rir até as lágrimas, mas
existem outras que me convidaram à reflexão. Nomeadamente quando Mark –
interpretado por Ewan McGregor – disserta a uma velocidade estonteante sobre a
expressão: ‘escolhe a tua vida’ – o lema da sua juventude. Após alguns minutos
sem fôlego, pára repentinamente. Como se fosse picado por um moscardo. Como se
se desse conta de que se terá esquecido que só ele tem o poder de escolher a
sua vida, de decidir sobre a sua vida.
Os Run-DMC regressam, como a chave
de um baú de memórias... As ‘trips’ são poucas e, juntamente com as
ressacas do Spud – a personagem que escreve para se libertar heroína –, lembram
que por mais interessantes que aparente e ilusoriamente possam ser, as
consequências são (quase) sempre devastadoras. Mas até sobre isso podemos rir –
o ser humano tem a capacidade de tornar a vida ainda mais leve e aliciante
quando sabe rir de si próprio.
Resta-me agradecer à minha querida amiga MA, que me enviou o convite da
Big Picture Films e assim ter, não só o prazer de ir ao cinema e rir e dançar
assistindo a um filme cinco estrelas (é a minha opinião; vale o que vale), mas
também de assistir, como diz o G vaidoso, antes de toda a gente, ah, ah. Muito
obrigada!
23 de Fevereiro, 2017
Matosinhos, Portugal
Sem comentários:
Enviar um comentário