Outubro começa com um
dia mundialmente assinalado para reflectir sobre os idosos, sobre aqueles que
passaram por várias idades e estão no que hoje se designa de terceira idade.
Uma etapa da vida repleta de sabedoria e muita experiência acumuladas nas duas
idades anteriores.
Em Nogueira há muitas
pessoas com muitas idades. Talvez mais que a terceira ou uma quarta.
Independentemente de quantas idades por que terão passado e vivido, o relevante
será escutar essas pessoas. Têm tanto para contar, têm tanto para ensinar, têm
tanto para partilhar... Porém, não é raro que os mais velhos sejam tratados
como trapos, quando, na verdade, as suas peles cheias de rugas representam
tão-somente uma longevidade que quase todos gostaríamos de alcançar.
Se esse é o caso, o
de se querer chegar a velho, muito velho, valerá a pena reflectir como se quer
ser tratado(a). O meu desafio é este: que cada um de nós responda à seguinte questão:
“quando eu tiver setenta ou mais anos como quero ser tratado(a) e como quero
cuidar de mim próprio(a)?”
Pois bem, já
respondeu? E então? É dessa forma que está a tratar as pessoas que em Nogueira
têm essa idade ou mais?
O que é preciso
mudar, então? Talvez que valha igualmente a pena atender a outras idades. É que
no dia 3, também nos é oferecida a ocasião para reflectir sobre a infância. É
nesta fase da vida que tudo começa. É na infância que aprendemos os primeiros
passos em como respeitar todos os seres que nos rodeiam – entre os quais os
animais (com o dia 4 mundialmente dedicado). Assim sendo, será logo na infância
que devemos criar condições para que se aprenda a tratar os outros como se
gostaria de ser tratado: com respeito, tolerância, honradez.
Honradez, porque não?
Qualquer pessoa pode ser honrada por todos os seus gestos, mesmo os pequenos
gestos, mesmo as pessoas pequenas, que ainda na infância. De facto, se logo em
criança eu perceber que todos os seres são dignos de respeito,
independentemente da sua idade e origem, desde cedo eu agirei em conformidade:
com respeito, honradez... É também isso que está em causa quando ainda na
infância se vai para a escola – é lá que está o professor: aquele que também
tem direito a um dia mundial (dia 5).
Nos tempos que
correm, este dia ganha ainda mais importância. Disso não há dúvida. Mesmo que
para muitos o objectivo seja o de colocar os professores num nível de
sub-humanidade, desrespeitando-os quase todos os dias, a verdade é que os
professores são pessoas com um papel primordial na vida de todos nós. E é tão
fácil encontrar razões para os honrar e respeitar. Basta lembrar que se podemos
ler esta crónica é porque alguém nos ensinou a ler. E se eu a estou a escrever
é porque muitos professores deixaram marcas indeléveis no meu ser. Sem os
professores da minha vida eu jamais seria quem sou.
No entanto, não posso
deixar de lamentar que aqueles que hoje estão no poder se tenham esquecido tão
facilmente dos seus professores e se tenham esquecido de algo tão básico e tão
simples como isto: os professores também são PESSOAS!
*Texto publicado no Jornal o Chapinheiro
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