Maresia*

Quando tudo parece calmo, não está!
Debaixo de cada onda dançam a Bela e o Monstro.
No horizonte, o azul desfaz-se em negro quando a tempestade se aproxima nas vagas da nova maré.
Quando tudo parecia calmo, o negro aproximava-se e apagava o azul no horizonte. A luz enegreceu, transformando brutalmente o cenário que antes parecia de tranquilidade azul. A Bela escondeu-se nas ondas.
Debaixo das ondas, dançam a Bela e o Monstro, mas, deste lado, a lente não alcança os sonhos dos revoltados.
Os sonhos querem dar-se à costa na espuma fremente que as ondas oceânicas lançam. Mas os olhos que as agarram têm medo.
Medo de quê? Se até um pássaro é capaz de sobrevoar o mar, ainda que as suas asas vacilem e lutem no horizonte com o vento contrário.
Debaixo das ondas, desceu a noite de Inverno.
Não é o Inverno, é a sombra desse mar negro que se arranca no horizonte.
Debaixo das ondas, o Monstro guarda os sonhos dos revoltados como um tesouro que só a espuma das ondas atlânticas conseguem selar.
O Monstro é o medo da realidade que os olhos perdem em cada flash, que os olhos querem agarrar no voo desse pássaro ao vento.
Debaixo de cada onda vem a noite, vem a sombra do mar que os sonhos dos revoltados preferem cantar.
O medo não lhes assiste. O medo não lhes existe.
Só os revoltados sabem que o Monstro da realidade, o mar revolto na negrura da tempestade também é a Bela que transforma o caos noutra possibilidade.
Debaixo de cada onda, dançam a Bela e o Monstro... quando tudo parece calmo.





Para as fotos de Álvaro Martino
https://www.behance.net/gallery/14434087/Maresia


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