Uma história banal...





Às vezes fico impressionada pelo modo como as histórias se repetem. Como diz uma amiga: são só histórias. São tudo histórias que nos contamos; que contamos, que precisamos contar aos outros. Parece que sem determinado tipo de histórias somos pouco. Talvez a sua ausência crie um espaço de vazio, de silêncio, que não conseguimos aguentar. “Só quero paz; só quero tranquilidade”. E afinal: não é nada disso que se quer. O silêncio, o vazio – a ausência do outro assusta... muito!
Estar arreliad@, irritad@, irad@ ou sentir que se é maltratad@ até parece melhor que o silêncio, que o vazio. É provável que esse seja um dos motivos porque as histórias afinal até se apresentem e contem até ao mínimo detalhe.
Esta história é de uma amiga. Se calhar também é a tua, como chegou a ser a minha. O que me deixa apreensiva é a inevitabilidade de ser a história de tantas outras mulheres. Refiro-me às mulheres; é deste lado que sinto e tenho o meu próprio ponto de vista. Os outros pontos de vista serão fruto de experiências, vidas diferentes.
Hoje confirmaram-se as suspeitas da minha amiga. Aquelas que sempre teve; aquelas que por tanto pensar nelas acabaram por se concretizar. Através da rede social que tu sabes qual, percebeu que o seu namorado trocava mensagens com outra mulher. Onde já ouvi esta história, pensei eu; estás tu a rever no teu écran mental todas as que também tu já ouviste – quem sabe até viveste.
Há meses que o seu coração lhe envia mensagens. Há meses que as chuta para canto, pensando que tem de acumular as provas suficientes para não vacilar e para demonstrar que não está nem é paranóica. O seu namorado tem uma capacidade imensa em argumentar as suas razões e tem por costume acabar as discussões de uma forma deliciosa: “Tu já te viste ao espelho? Já te ouviste? Tu és mesmo doente!”
Perguntas agora porque escrevo sobre isto. Deves estar a pensar que a minha amiga deve ter alguma questão interior para resolver, caso contrário já teria dito àquele que ainda lá está: “E se te pusesses daqui para fora! Não te quero ver mais!”
Não lhe disse, mas pensou. E tu? Já passaste pelo mesmo? Conheces alguém neste tipo de situação? É que se não percebeste ainda, como ainda não terá percebido vividamente a minha querida amiga: isto são MAUS TRATOS!
Isto seria apenas mais uma de entre muitas histórias banais (!), não fosse esta pessoa me ser muito querida e não fosse esta ser uma situação que se repete todos os dias, em muitos lugares, a muitas mulheres. Sem que estas alterem a sua circunstância por pelo menos três razões: medo, medo e medo. Medo de estarem efectivamente paranóicas – não estão! Medo de serem humilhadas e ainda mais mal-tratadas – mas isto é já uma humilhação e com toda a certeza um mau trato. Medo de ficarem sozinhas!
Queridas amigas! Vocês não estão malucas! Vocês não merecem ser humilhadas! O silêncio e a solidão podem ser a vossa melhor companhia: apenas e tanto porque estarão com a pessoa que mais devem amar e bem tratar: vocês mesmas!

4 comentários:

  1. O problema não está nas redes sociais ,está na utilização que nos damos, se a tal dita rede social (mexeriqueira e voueirista e este caso é universal, sucede para os dois sexos) provavelmente ela ainda hoje andaria iludida porque o que exiiste na sociadade de hoje é simplesmente falta de respeito pelo proximo.

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  2. Não fomos feitos para amar uma única pessoa para sempre, mas sim para nos amarmos uns aos outros esporadicamente :)

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  3. obrigada pelo comentário: estás atento :)
    mas sabes, a questão que me incomoda não é a traição... é o modo como alguém fala com outra, maltratando!

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  4. É aí que a regra do amar esporadicamente entra em cena. Sei que muitas palavras e ofensas doem bem mais do que uns murros valentes... seja qual fôr a situação, vira-se costas e vai-se amar outra pessoa qualquer. O esporádico neste contexto significa liberdade :)

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