Desenrugo o sobrolho, e desfiro
ataques sobre as teclas. Desmanchando ilusões, procuro desconstruir um discurso
desconexo.
Distingo, ao longe, a sombra de
um sorriso. É destituída de interesse, a pessoa que o desfia. Os dedos
prosseguem, sem que eu saiba para onde me levam. Sem que eu saiba qual é a
palavra seguinte.
Nem sei como estas letras ficam
gravadas neste espaço virtual. Só aqui. Porque cada vez que a tecla apaga,
apaga mesmo. Nada fica neste lugar imaterial. Nada fica no meu espaço cerebral.
Outro sítio incompreensível para a maioria dos mortais. E cá estou eu novamente
neste tema que, de camada em camada, se cristaliza, não sei onde.
Finto o tema da (i)mortalidade
e procuro o ideal no ar tépido da noite. Fujo das lembranças, mas a máquina do
tempo está encravada. Fito a eternidade com máscara, escondendo os olhos cheios
de pensamentos. A imagem é turva. A da memória de chumbo. Finjo que sou mais
leve e voo para outras águas... em menos de uma hora.
O silêncio é de tal modo ruidoso,
que qualquer lugar é melhor que este. Aqui não existem pensamentos vazios. As
vozes são surdas e provocam o espírito mais absurdo.
Acelero. Tropeço nas horas. A fraqueza
aperta os pulsos e quase caio. Prefiro voar. Num lapso de cálculo estou mais
além. Sou noutro alguém.
19 de Janeiro, 2018
Matosinhos, Portugal
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