Fotografia de Amadeu Pereira |
É inevitável, para
mim, que a crónica deste mês se reporte à apresentação do livro, Borboleta Azul
– um postal da América Latina.
Após o lançamento
em Fevereiro passado, foram realizadas três sessões de apresentação, a última
das quais na Casa do Povo de Nogueira do Cravo, no dia 7 de Maio.
Foi com grande
alegria e satisfação que regressei ao Porto no final da tarde desse Domingo, o
corolário de um processo que envolveu diversas pessoas e entidades. É por esse
mesmo motivo que me sinto impelida a referenciar essa sessão. O cuidado e
atenção de que fui alvo confirmam-me, mais uma vez, como sou uma pessoa
privilegiada. De facto, as pessoas que me rodeiam e as circunstâncias que me
são concedidas viver provocam-me constantemente um profundo sentimento de
gratidão.
Quando entrei na
Casa do Povo fiquei extasiada. A sala de soalho, onde tantas vezes dancei nos
bailaricos e festas da Aldeia, estava diligentemente preparada. Nas cadeiras
enfileiradas sentaram-se muitos familiares e amigos que fizeram questão de
demonstrar o seu apoio e afecto à neta da Tia Altina.
Por detrás da
cortina do palco, onde fui atriz de teatro durante um Verão da minha
adolescência, ensaiava o Grupo de Danças e Cantares de Nogueira do Cravo. Quando
tudo ficou a postos, escutei e meneei-me com as alegres canções do grupo,
amorosamente empenhado, que dava então início à sessão.
A mesa estava linda.
O centro de flores coloridas enchia o meu coração, sobre a toalha cujo bordado
reconheci – o desenho e o ponto de flor eram seguramente da avó Altina e da tia
Lurdes. Na parte frontal da mesa encontrava-se pousada uma borboleta azul.
Houve alguém que com muita arte e bom gosto desenhou, recortou, pintou e
decorou uma bela mariposa índigo! Ah!
As palavras
escutadas enaltecendo o livro e a autora comoveram-me sobremaneira,
mostrando-me que sem dúvida alguma estava em casa; tão bem acolhida me sentia.
No final, depois
de autografar os inúmeros livros que as pessoas Presentes adquiriram (muito
obrigada!) foi tempo de lanchar. Sim, porque para além da mesa central, havia
uma outra repleta de variados doces e salgados. E não é que também o delicioso
bolo de chocolate estava decorado com borboletas??!!
As dádivas não se
ficaram por aqui. Para além de ter a ocasião de rever pessoas queridas com quem
há muito não estava, fui agraciada com uma peça laboriosamente executada para o
dia: a ferramenta do ardina – o símbolo de Nogueira do Cravo, com uma
dedicatória alusiva à apresentação da Borboleta Azul na Casa do Povo de
Nogueira do Cravo.
Torna-se, por
consequência imperioso, agradecer, mais uma vez, a todos quantos estiveram
implicados na organização e preparação da sessão. Desde as pessoas do Jornal
Chapinheiro, às pessoas da Casa do Povo, da Junta de Freguesia de Nogueira, da
Câmara Municipal de Oliveira do Hospital e, claro, do Grupo de Danças e
Cantares.
Se o/a leitor/a me
permite, coíbo-me de citar nomes. Não vá dar-se o caso de, por lapso, alguém
ser omitido. Como sou humana, não seria estranho que tal acontecesse. E não
quero, de todo, incorrer em erros ou indelicadezas. Acredito que todas as
pessoas que contribuíram para a minha felicidade se sintam incluídas. E foram
todas as que estavam na sala e todas as que por algum motivo não lhes foi
possível estar.
De facto, sinto-me
feliz e profundamente grata. Cabe-me, no entanto, referir, que a minha
felicidade só será total quando receber o testemunho de que o livro ganhou
novas vidas.
A(s) vida(s) de
ser aberto e lido e partilhado. Afinal, como muito bem afirmou um dos queridos
intervenientes durante a sessão, a obra só está completa quando é lida. Assim
sendo, convido todos os leitores e leitoras do Chapinheiro a abrirem o livro
numa página ao acaso e a lerem uma das curtas histórias. Desse modo, em cada
visita ao livro, este renascerá e terá oportunidade de continuar a viver, novas
vidas...
O livro, seja este
ou qualquer outro, é muito mais do que um objecto. É um transporte que deseja
sair da estante. Convida à leitura e, através desta, à viagem.
Para mim, essa é uma
das grandes riquezas de um Livro: ser um passaporte para outros mundos, para
outras culturas, para outras pessoas, para outras vidas. Atrevo-me a dizer,
para mais Vida. E sem grande esforço, sem sair de casa. Ler, para mim, é
viajar, é conhecer e aprender.
Quem sabe o voo da
borboleta estimule o leitor e a leitora a continuarem a ler, a viajar, nem que
seja de uma página para outra, de um livro para outro...
* Este texto foi
publicado no Jornal Chapinheiro